OUVIR E NÃO ESCUTAR.
Aos meus amigos médicos e TODOS demais internautas,
ontem estava a atender e uma senhora. Me citou uma fra-
se qua eu nunca ouvira, muito embora, segundo ela, seja
popular e de uso corrente:
"Reza e não crê;
Olha e não vê;
Ouve e não escuta".
Quiçá, já tivera eu ouvido este pensamento, mas não es-
cutado.
E faz sentido. Muitas vezes, por distração, por estar pen-
sando em outras coisas que insistem em preencher meu cé-
rebro com 'coisas' que me impedem de viver o presente, pos-
so rezar sem conscientizar o que digo.
Posso 'botar o olho',isto é, olhar, mas nada ver, ou seja,
nada processar à nível consciente por pré-ocupação da men-
te por outras coisas.
Posso ouvir, mas não 'realizo' dentro de mim o som, assim,
não escuto.
Desta forma, olhar e ouvir, por obviedade, tem relação com
os órgãos dos sentidos: olho e ouvidos; ver e escutar, com o
processamento cerebral.
No caso dela, era diferente. Uma disfunção da cóclea-nervo
auditivo, de tal forma que a pessoa ouve, mas não compreen-
de o que está sendo dito. É uma espécie de 'surdez qualitativa'
e não 'surdez quantitativa', mais comum. Trata-se de 'distúrbio
da discriminação do som'; orgânico.
Já 'enxergar', para mim, parece ser algo mais. Como que
'ver além', não no sentido esotérico, mas na capacidade de co-
letar premissas adequadas, para fazer boa análise e obter boas
sínteses/conclusões. Característica mais marcante do que consi-
dero mente 'brilhante'. Enchergue o brilho destas pessoas! São
minoria e, até por isto, passam por 'malucos'; quando, de fato,
são 'loucos de bons'.
E, para melhor 'catar' premissas, estes sábios, mais ouvem
e escutam do que falam, para aprender. Quem fala o tempo
todo, é como se quisesse ensinar o tempo todo. Um oniciente.
Este, com certeza, não sabe que nada sabe.
Até porque, Deus nos deu dois ouvidos e uma boca, para ou-
virmos mais que falamos.
Ricardo Bing Reis.