ENTÃO O APARELHO DE AUDIÇÃO NÃO TEM SERVENTIA?
From: rbrd_redacaoshm@hotmail.com
To: medicina1986-UFRGS@provedor.com
Subject: Então o aparelho de audição não tem serventia?
Date: Tue, 5 Jul 2011 01:08:18 +000
Aos meus amigos-médicos e TODOS demais internautas,
justiça seja feita em prol dos aparelhos de audição, visto
que não são poucos os casos em que o deficiente auditi-
vo se apaixona pelo aparelho, tornando-se inseparável,
fazendo dele uma extensão de seu próprio corpo.
Colocam o aparelho imediatamente ao acordar, vin-
do a retirá-lo só ao deitar. As útimas tres senhoras que
atendi, usavam aparelho bilateral para surdez severa e
surdez profunda. Sentem-se muito mal sem os aparelhos,
isolados do mundo, de tudo e de todos. Ainda associam
uma leitura labial, mas fundamentam suas comunicações
na eficiência do aparelho, tendo a leitura labial como com-
plemento,mas não recurso isolado. As tres tinham surdez
bilateral. Contribui muito a irritabilidade de familiares em
se comunicar com eles, frente à frente, lado à lado e por
telefone. Ás vezes, nem atendem por não ouvir a campai-
nha, o que gera preocupação: será que aconteceu algu-
ma coisa com a vovó? Acaba alguém tendo que ir lá con-
ferir. E se ela não atende por não ouvir nem a campainha
da porta?!!!
Não só se irrita quem tenta se comunicar, por repeti-
ções e mal compreenções, como o próprio surdo, ao perce-
ber a irritabilidade do outro para consigo. Ou simplesmente
por não conseguir ouvir para se comunicar, etc.
Por outro lado, até ser ofendido ou menosprezado por
sua deficiência, como se fora intencional ser surdo. Que in-
ferno!!
Certas rejeições ao uso tem mais espaço em casos mo-
derados e leves de perda auditiva, talvez por terem maior le-
que de escolha entre usar e não usar a prótese auditiva.
Hoje, acho que um aparelho de audição não é para ser
usado todos os dias e o dia todo, como se preconiza muito.
Exceto em casos como daquelas tres senhoras que des-
crevi, com surdez severa, bilateral e incapacitante.
Flexibilidade é imperativa principalmente nos casos em
que os pacientes não sintam assim tanta necessidade no uso
e/ou nem tanta satisfação em usar.
Acho que pode ser tal qual um óculos na presbiopia,tam-
bém conhecido como braço curto, pois o leitor tem que afas-
tar ao máximo o jornal para conseguir lê-lo. Pois este óculos
somente se usa para ler, o que se quer ler.
Assim, hoje preconizo usar o aparelho auditivo somente
para ouvir o que se quer ouvir. Com ressalva de ele se esfor-
çar de querer ouvir algo pelo menos 2 horas por dia, para es-
timular a área auditiva cerebral, visto que o cérebro é uma
teia de aranha eletrificada, onde uma hipotrofia aqui já causa
um mau funcionamento ou até um curto lá na frente, forman-
do-se deficiências cerebrais em bola-de-neve.
Se na presbiopia o uso da prótese é um, porque no seu
correspondente auditivo, a presbiacusia, o uso da prótese teri-
a que ser diferente?
Ricardo Bing Reis. |