QUANDO O DOENTE VIVE MELHOR QUE O NÃO-DOENTE!
From: rbrd_redacaoshm@hotmail.com
To: medicina1986-UFRGS@provedor.com
Date: Tue, 5 Jul 2011 01:08:18 +0000
Aos meus amigos-médicos e TODOS os demais internautas,
levei 25 anos para entender porque muitos pacientes aban-
donam o uso dos aparelhos de audição; por mais sofisticado
que seja e assim, por mais que lhes tenham custado.
Por eu achar que sabia o que não sabia, nunca me ati-
ve a tentar entender um outro lado, talvez por nunca ter me
dedicado a realmente ouvir o que estes pacientes diziam, jul-
gando-me mais sabedor sobre ele do que ele mesmo de si.
Sempre achei que fosse pela estética, pelo desconforto,
pela irritante delicadeza no manuseio, por autofonia, apitos,
infecções de ouvido, acúmulo de cerúmen, avarias por queda,
desgaste do aparelho, pilhas fracas, microfonia, etc.
Agravado pelo fato de que a maior parte dos usuários são
idosos e que se esquecem dos cuidados básicos e de manuten-
ção, requeridos por um aparelho.
Morei até os 23 anos na Rua 24 de Outubro esquina Cel.
Bordini, sabidamente muito barulhenta, e ao lado do estriden-
te supermercado, que começava à 50 metros da minha janela
do quarto. Não só por ter me acostumado, mas também por
gostar de agitos, aqui lo nunca me foi um incômodo.
Gosto de cidades nervosas, com barulho de carros, ambu-
lâncias, polícia, bombeiros, muita coisa acontecendo. Movimen-
to prá mim é vida e cidade à far-west, um desconforto.
O silêncio me deixa impaciente, aumenta minha já trans-
bordante ansiedade, que me obriga a ter que estar sempre fa-
zendo algo para me distrair, escrevendo este email, por exem-
plo. E, enquanto escrevo, estou com o radinho de pilha ligado,
em programa de futebol, mas nem estou prestando tanta aten-
ção para o que está sendo dito, apenas para ter o ruído ao meu
lado.
Ouço até Hora do Brasil. Sou um raro, visto que não co-
nheço radinhodepilhistas em era de iPod, MP3, MP4, Smarth-
Phones, iPad,
QUANDO O DOENTE VIVE MELHOR QUE O NÃO-DOENTE!
- PARTE SEGUNDA-
From: rbrd_redacaoshm@hotmail.com
To: medicina1986-UFRGS@provedor.com
Date: Tue, 5 Jul 2011 01:08:18 +0000
Aos meus amigos-médicos e TODOS os demais internautas,
o importante agora é considerar que o silêncio é valioso pa-
ra 93% das pessoas, desprezando ser eu da minoria.
E o que me disse o paciente hoje?
Que com o aparelho, ele é obrigado a ouvir o barulho
dos carros, os buzinaços, as vozes das pessoas até por gri-
tos, apitos de guardas, garrafas caindo, chatos falando, te-
lefones tocando quando não se quer, barulho excedente
dos netos em casa, e até da esposa que não pára de falar...
Aí disse a ele que é assim mesmo que as coisas funci-
onam, que é assim mesmo que eu escuto todos os dias e o
dia todo. Então ele comentou 'que inferno'!.
Foi aí que, pela primeira vez, percebi que a vida dele
sem o aparelho é estar em um bosque, mesmo que dentro
da cidade. E não é isto que todo mundo quer? Se for, ele é
feliz por não ouvir e eu um infeliz por ouvir.
Está certo que ele perde em convivência social, está cer-
to que ele corre maiores riscos por não ouvir uma freiada e
que o atingiria, está certo que a falta de estímulo auditivo vai
proporcionando hipotrofia da área da audição no cérebro;mas
é certo também que ele está vivendo no céu, em meio ao in-
ferno.
Como convencê-lo de fazer o contrá rio, isto é, de vir pa-
ra o nosso inferno. Ou ninguém nunca ouviu falar em polui-
ção sonora?
Não estou me referindo, por exemplo, àquele que tem u-
ma hipoacusia profunda, mas de uns 50% por exemplo; embo-
ra já tenha ouvido queixa similar de surdos-surdos, que prefe-
riam não ouvir à ficar usando prótese auditiva.
Claro que também se depende da qualidade do aparelho,
mas o raciocínio transcende este senão.
Como convencer uma pessoa normal, que viveu sempre
na Chácara das Pedras, a comprar aquele apartamento onde
eu morava, e de onde só eu gostava?
Isto posto, fica ainda mais ridículo sustentar que é me-
lhor ser cego do que ser surdo. Será que o tolo, que o con-
trário preconiza, não encherga isto?
Ainda tem mais sobre isto tudo, na sequência.
Ricardo Bing Reis.
nhoras que des-
crevi, com surdez severa, bilateral e incapacitante.
Flexibilidade é imperativa principalmente nos casos em
que os pacientes não sintam assim tanta necessidade no uso
e/ou nem tanta satisfação em usar.
Acho que pode ser tal qual um óculos na presbiopia,tam-
bém conhecido como braço curto, pois o leitor tem que afas-
tar ao máximo o jornal para conseguir lê-lo. Pois este óculos
somente se usa para ler, o que se quer ler.
Assim, hoje preconizo usar o aparelho auditivo somente
para ouvir o que se quer ouvir. Com ressalva de ele se esfor-
çar de querer ouvir algo pelo menos 2 horas por dia, para es-
timular a área auditiva cerebral, visto que o cérebro é uma
teia de aranha eletrificada, onde uma hipotrofia aqui já causa
um mau funcionamento ou até um curto lá na frente, forman-
do-se deficiências cerebrais em bola-de-neve.
Se na presbiopia o uso da prótese é um, porque no seu
correspondente auditivo, a presbiacusia, o uso da prótese teri-
a que ser diferente?
Ricardo Bing Reis.
ENTÃO O APARELHO DE AUDIÇÃO NÃO TEM SERVENTIA?
From: rbrd_redacaoshm@hotmail.com
To: medicina1986-UFRGS@provedor.com
Subject: Então o aparelho de audição não tem serventia?
Date: Tue, 5 Jul 2011 01:08:18 +000
Aos meus amigos-médicos e TODOS demais internautas,
justiça seja feita em prol dos aparelhos de audição, visto
que não são poucos os casos em que o deficiente auditi-
vo se apaixona pelo aparelho, tornando-se inseparável,
fazendo dele uma extensão de seu próprio corpo.
Colocam o aparelho imediatamente ao acordar, vin-
do a retirá-lo só ao deitar. As útimas tres senhoras que
atendi, usavam aparelho bilateral para surdez severa e
surdez profunda. Sentem-se muito mal sem os aparelhos,
isolados do mundo, de tudo e de todos. Ainda associam
uma leitura labial, mas fundamentam suas comunicações
na eficiência do aparelho, tendo a leitura labial como com-
plemento,mas não recurso isolado. As tres tinham surdez
bilateral. Contribui muito a irritabilidade de familiares em
se comunicar com eles, frente à frente, lado à lado e por
telefone. Ás vezes, nem atendem por não ouvir a campai-
nha, o que gera preocupação: será que aconteceu algu-
ma coisa com a vovó? Acaba alguém tendo que ir lá con-
ferir. E se ela não atende por não ouvir nem a campainha
da porta?!!!
Não só se irrita quem tenta se comunicar, por repeti-
ções e mal compreenções, como o próprio surdo, ao perce-
ber a irritabilidade do outro para consigo. Ou simplesmente
por não conseguir ouvir para se comunicar, etc.
Por outro lado, até ser ofendido ou menosprezado por
sua deficiência, como se fora intencional ser surdo. Que in-
ferno!!
Certas rejeições ao uso tem mais espaço em casos mo-
derados e leves de perda auditiva, talvez por terem maior le-
que de escolha entre usar e não usar a prótese auditiva.
Hoje, acho que um aparelho de audição não é para ser
usado todos os dias e o dia todo, como se preconiza muito.
Exceto em casos como daquelas tres senhoras que des-
crevi, com surdez severa, bilateral e incapacitante.
Flexibilidade é imperativa principalmente nos casos em
que os pacientes não sintam assim tanta necessidade no uso
e/ou nem tanta satisfação em usar.
Acho que pode ser tal qual um óculos na presbiopia,tam-
bém conhecido como braço curto, pois o leitor tem que afas-
tar ao máximo o jornal para conseguir lê-lo. Pois este óculos
somente se usa para ler, o que se quer ler.
Assim, hoje preconizo usar o aparelho auditivo somente
para ouvir o que se quer ouvir. Com ressalva de ele se esfor-
çar de querer ouvir algo pelo menos 2 horas por dia, para es-
timular a área auditiva cerebral, visto que o cérebro é uma
teia de aranha eletrificada, onde uma hipotrofia aqui já causa
um mau funcionamento ou até um curto lá na frente, forman-
do-se deficiências cerebrais em bola-de-neve.
Se na presbiopia o uso da prótese é um, porque no seu
correspondente auditivo, a presbiacusia, o uso da prótese teri-
a que ser diferente?
Ricardo Bing Reis.